A REALIDADE DAS MÃES DE CRIANÇAS COM TEA
- anacostacapoto
- 23 de jan. de 2021
- 3 min de leitura

Como ficam as mães no meio desse turbilhão? Essa é a pergunta que poucas pessoas fazem.
Acho que a maior parte das mães de crianças com TEA, são tomadas por sentimentos em relação ao seu filho(a). Esses sentimentos podem oscilar entre a tristeza, culpa, frustração, raiva, preocupação e aceitação.
Quando se fala da tristeza e da frustração de uma mãe com um filho autista, quer representar a “perda” da criança criada em seus sonhos, com todas as expectativas.
Quando notamos que nossos filhos não são iguais as outras crianças e recebemos a confirmação do diagnóstico, somos obrigadas a ajustar nossos planos e objetivos. Precisamos em muito pouco tempo, entender as limitações da condição e da necessidade de nos adaptarmos a uma nova realidade de intensa dedicação e prestação de cuidados específicos ao longo da vida.
As mães de crianças com TEA passam por um sofrimento psicológico muito grande, até aceitar o transtorno do filho. Normalmente são muito impactadas devido as dificuldades vindas dos cuidados desses indivíduos. As mães sentem-se esgotadas psicologicamente e fisicamente, possuem quadros de depressão, angústia, tristeza crônica e perdidas no meio do processo. Muitas não possuem ajuda de seus companheiros e da família. Uma grande parte dedica-se exclusivamente a seus filhos, colocando em segundo plano todas as suas vontades e projetos de vida. Já vi muitas mães serem acusadas pelo próprio companheiro, como culpada da situação. Elas realmente estão sozinhas.
Não podemos sentir-nos culpadas, nem deixar que nos culpem, A carga emocional das mães é muito grande, sendo necessária a divisão de responsabilidades com o pai (caso tenham) para o desenvolvimento dos filhos. A família deve ser incluída nessa dinâmica, pois todo esse conjunto traz uma contribuição muito positiva: mais felicidade, maior entendimento do distúrbio, mais amor, laços familiares mais fortes, mais tolerância, sensibilidade e crescimento pessoal.
Quando a família se propõe a se envolver no tratamento, a mãe se sente menos sobrecarregada e feliz, podendo tornar o processo mais fácil e menos doloroso.
As mães precisam de apoio emocional, orientação por parte dos profissionais e auto cuidado. Elas carregam a responsabilidade imposta pela sociedade da sanidade mental e emocional dos filhos, o que contribui para o sofrimento.
Os médicos e terapeutas muitas vezes estão preocupados somente com as crianças, não levando em conta que a mãe faz parte de tudo, isso acaba contribuindo para a invisibilidade de seus sentimentos.
Por sua vez, as mães não se acham no direito de se divertir, dormir, se sentir bonita, amada ou simplesmente contemplar o direito de não fazer nada, elas negligenciam o próprio sofrimento.
O maior medo de todos é do futuro incerto e incontrolável. Onde antes havia esperança e expectativa para um futuro cheio de realizações, deu lugar ao medo de uma dependência eterna do filho, e a pergunta que nos angustia: E se eu faltar o que vai ser dele(a)?
A esperança é o que nos move e deve ser retomada com a certeza de que o caminho é difícil, porém muitas coisas boas podem acontecer. Encarar tudo isso pode ser um grande desafio, e muito sofrimento pode surgir. Muitas vezes pode passar pela cabeça desistir de tudo, mas acredite que há uma saída.

Tire um tempo para se tratar psicologicamente, faça atividade física, se precisar de tratamentos medicamentosos, faça sem medo com acompanhamento profissional, fique bonita, faça de você uma de suas melhores companhias, leia bons livros, assista bons filmes, compartilhar as angústias de tudo o que acontece pode ser de grande valia para aliviar a solidão e dar uma força para lidar com os obstáculos. Se dê um tempo, você precisa estar bem para ajudar seu filho(a).

" Aos amigos que desapareceram, espero que isto nunca bata a sua porta.
Eu não trocaria o meu pequeno homem pelo mundo inteiro, e se você não consegue entendê-lo, nem como funciona o seu cérebro, então você não merece estar em sua vida".
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