COMO O COMPORTAMENTO DE CRIANÇAS COM TEA PODE AFETAR O CONVÍVIO SOCIAL
- anacostacapoto
- 31 de dez. de 2020
- 4 min de leitura

Uma criança com TEA muitas vezes possui dificuldade em se comunicar adequadamente. Elas não conseguem entender o contexto social e possuem dificuldades de se expressar, tendem a se descontrolar e muitas vezes ter ataques de raiva, podendo se tornar agressivas e serem confundidas com crianças mal educadas ou que fazem birra. Porém, como se trata de um espectro, nem todas as crianças possuem esses comportamentos.

Normalmente adotam a agressividade quando estão sendo contrariadas, quando algo foge da rotina, quando não conseguem se expressar ou quando algo os incomoda. Essas posturas dificultam suas habilidades sociais, fazendo com que desenvolvam comportamentos mais restritos e repetitivos.
Em certos ambientes podem demonstrar impaciência, irritabilidade ou simplesmente falta de interesse, costumam ficar mais isolados.
A alteração sensorial (tato, olfato, visão, audição e paladar) pode se tornar um gatilho para que se tornem agressivos, isso faz com que a família ou as pessoas que os acompanham tenham receio de levá-los a certos lugares e serem julgados por seus comportamentos.
Geralmente a interação social é muito menor do que se espera; no geral são pouco curiosas em relação as pessoas e estímulos, elas parecem não estar interessadas no ambiente que se encontram, têm dificuldades de fazer amigos, normalmente são retraídas e podem demonstrar falta de empatia.

A falta de contato visual ou a dificuldade de mantê-lo é uma característica muito presente no TEA e afeta a socialização, parecem não esse interessar pelas vozes que os rodeia.
Nas brincadeiras, qualquer coisa que os incomode pode ser o suficiente para irritá-los. Para evitar isso, muitas vezes preferem brincar sozinhos, com algo que gostem e prenda sua atenção. A inflexibilidade deve ser levada em consideração nessa hora, pois pode desencadear nervosismo e confusão, tornando-os mais isolados do grupo. Tudo relacionado à mudança de regras ou mudança de rotina pode causar alteração emocional anormal.
Essas crianças tendem a aumentar os movimentos corporais repetitivos quando estão ansiosas ou estressadas. Esses movimentos servem como reorganização interna (auto regulação). Muitos usam as estereotipias para acalmar e aliviar a ansiedade. Esses comportamentos podem chamar a atenção no ambiente em que estão fazendo com que as crianças os afastem do grupo e podem sofrer bullying (comum na adolescência).
Pais e educadores não devem criar pequenas concessões que podem se tornar padrões de comportamento e situações difíceis de mudar ao longo do tempo. Esses mesmos comportamentos farão com que, não só as crianças, mas também os pais se tornem isolados.

As crianças precisam de limites e rotinas estabelecidas. Nunca podemos ceder ao comportamento que queremos eliminar. Eles não podem ter um resultado positivo diante de uma ação inadequada, devemos ser a autoridade e deixar isso sempre muito claro. Não deixe seu filho bater em você, nos outros ou nele mesmo, crie barreiras físicas quando isso acontecer. Com o tempo, insistência e paciência, esses padrões comportamentais começam a diminuir e eles começam a compreender.
Em ocasiões em que estão mais agressivos, tente entender o que pode estar desencadeando a crise e tente direcionar a atenção para outras coisas que gostem, conseguindo assim quebrar o ciclo. Quando adquirem os comportamentos inadequados devem perder o acesso aquilo que acham compensador, explicando que para as ações impróprias haverá uma consequência.
Para que voltem a se estabilizar emocionalmente é necessário reduzir o que pode estressá-los (luzes fortes, sons altos, pessoas falando alto e ao mesmo tempo...), inclusive nosso próprio nervosismo e estresse (evitar falar alto, gritar, olhar para eles, ser claro quanto as regras...). Não devemos fazer ameaças e sermões que não são capazes de compreender, não os agredir verbalmente e fisicamente, pois pode ser a única forma que conseguem se comunicar, cabe a nós ensinar. Quando ficamos mais tranquilos, eles conseguem processar melhor o que está sendo falado. Cada conquista deve ser elogiada e comemorada.
Temos que lembrar que essas crianças crescem, tornam-se maiores e mais fortes e outros comportamentos e novas crises podem surgir. A família precisa tentar entender o que leva a criança a ser agressiva (chutar, bater...) e fazer birra, para que tais ações sejam interrompidas. Deve-se saber se possuem outras comorbidades associadas, possíveis dores e incômodos ou mudança de alguma rotina, sempre devemos anotar as crises, quando acontecem, o que geralmente antecede a crise e o que faz para tentar controlar. Tudo isso deve ser passado para a equipe que a acompanha. Uma boa relação, confiança e diálogo é fundamental.
A família deve ensinar a criança a se comunicar, seja ela verbal ou não, fazer com que entendam como controlar a raiva e a ansiedade, mostrando que ela pode pedir um tempo, uma pausa e junto com a psicoterapeuta desenvolver métodos de relaxamento.

A família e cuidadores também precisam de ajuda e acompanhamento, pois a exigência física e psicológica é muito grande. Nós precisamos de um tempo também, não se sintam culpadas ou fracassadas por estarem cansadas.
A intervenção é de extrema importância para que esses comportamentos não acabem se tornando um transtorno grave para a criança e para a família. Qualquer tratamento terá por objetivo diminuir os sintomas relacionados ao transtorno, buscando maior autonomia dentro das limitações de cada um.
A assistência da equipe multidisciplinar irá identificar as dificuldades e traçar condutas direcionadas para cada caso. Essa assistência é imprescindível na busca por soluções.
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