Muitos avanços estão acontecendo para entender o TEA...
- anacostacapoto
- 4 de out. de 2020
- 5 min de leitura
Autismo é um transtorno global do desenvolvimento infantil que se manifesta antes dos 3 anos de idade e se estende por toda vida. Em maio de 2013, durante o encontro anual da Associação Americana de Psiquiatria (APA), David Kupfer, psiquiatra da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, anunciou a quinta versão do DSM (manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais). Kupfer foi chefe do grupo que revisou o novo DSM-5 com o auxílio de 1.500 especialistas em psiquiatria.
A partir daí foram incluídas doenças que não eram listadas na versão anterior, nesta última, também foi empregada a denominação TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) para abranger o Autismo clássico e demais transtornos do desenvolvimento. A APA também decidiu incluir a Síndrome de Asperger ao TEA (transtorno do espectro autista).
Atualmente o Autismo (TEA) é descrito por dois principais esquemas, o DSM-V (manual de diagnóstico estatístico da APA e o CID-10 (classificação internacional de doenças da OMS (Organização Mundial da Saúde)). Em junho de 2018, o CID-10 passou por mudanças e foi lançado o CID-11, que começa a vigorar em 01/01/2022, permitindo aos países a pré-visualização e planejamento do seu uso, assim como preparar traduções e treinamento dos profissionais da saúde.
A partir dessa mudança o espectro autista passa a se dividir em: se tem déficit de linguagem funcional e se tem déficit intelectual.
No CID-11, a Síndrome de Rett (transtorno do desenvolvimento neurológico que tem início por volta de 1 ano de idade, não herdado geneticamente. Sua consequência é a mutação do gene MECP2, localizado no cromossomo X) passa a não fazer mais parte do TEA (transtorno do espectro autista). Ela passa a ter uma classificação exclusiva, a LD 90.4; porém no DSM-5 o código é o mesmo do TEA (transtorno do espectro autista).
Essas mudanças foram necessárias pela dificuldade de diagnóstico de outros tipos de transtornos do desenvolvimento.
Dentro do Autismo infantil temos: Autismo Infantil Típico, síndrome de Asperger, transtorno desintegrativo da infância e síndrome de Rett esses transtornos fazem parte do TID (transtorno invasivo do desenvolvimento).
No transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação (que faz parte dos quadros de autismo infantil), os indivíduos apresentam características parecidas com as de outros transtornos do espectro, porém não se enquadram em nenhum deles devido a falta de clareza dos sintomas. Nesse quadro pode se incluir o Autismo atípico, que apresenta alguns sintomas autísticos, mas não se encaixam no diagnóstico de Autismo.
O Autismo infantil típico é uma condição grave dentro do espectro, também chamado de autismo “clássico”. Seus sintomas também aparecem de forma mais grave. Relações sociais, cognição e a linguagem são extremamente afetados (muitas vezes não desenvolvem a fala).
Por causa dos sintomas mais aparentes, costumam ser diagnosticados mais cedo.
A Síndrome de Asperger é uma condição neurológica do espectro autista caracterizada por dificuldades significativas na interação social e comunicação não-verbal. São obsessivos por objetos ou assuntos de seu interesse e extremamente apegados em rotinas. Esses indivíduos são considerados “Autistas de alto grau de funcionamento”, porém devido as suas características sutis durante a infância, recebem seu diagnóstico tardiamente, prejudicando o desenvolvimento e aumentando as chances em desenvolverem quadros depressivos e ansiedade, pois muitas vezes são excluídos dos grupos por acharem seus comportamentos “esquisitos”.
No Transtorno Desintegrativo da infância o indivíduo tem um desenvolvimento normal entre 2 anos e 4 anos de idade. Ele causa perda de habilidades já adquiridas como a linguagem, habilidades sociais, intelectuais e motoras. É um tipo mais grave do espectro e menos comum.
A síndrome de Rett, como já foi falado, é um transtorno do desenvolvimento neurológico, em que há uma mutação de um gene localizado no cromossomo X. É uma das causas mais frequentes de deficiência múltipla e severa em meninas.
Essas mudanças de nomenclatura reafirmam essa ideia de espectro e que há diferentes severidades: leve, moderado e severo, de acordo com a gravidade dos sintomas.
Em casos mais graves de TEA o indivíduo pode ter ou não comunicação verbal (quase 50% dos Autistas clássicos são mudos) e ser dependente para realizar até as mais simples atividades (em quase 2/3 dos casos vem acompanhado de retardo mental). Em casos mais leves, o transtorno se apresenta de forma mais sutil e a maneira de se comunicar e se relacionar são afetados.
O diagnóstico tardio é muito mais comum do que se imagina. Diagnosticar o transtorno não é simples e fácil. Geralmente é baseado em muita observação por parte dos profissionais, já que o transtorno traz manifestações comportamentais.
Não há exames de laboratório ou exames de imagem para realizar o diagnóstico (somente para excluir outras comorbidades). O diagnóstico é baseado unicamente em observação comportamental (vários testes foram desenvolvidos).
Geralmente atrasos ou problemas relacionados à fala são os primeiros a chamar atenção. Além disso, as estereotipias, a dificuldade de contato visual, dificuldade de interação social também servem de alerta.
O AUTISMO (2012): “imagine que uma pedra fosse atirada em um lago. O ponto em que a pedra toca a água representa o Autismo Clássico, as diversas ondas que se formam representam os diversos espectros do Autismo e uma delas representa o espectro Asperger”. De acordo com Silva, Gaiato e Reveles (2012) a penúltima onda representaria o Asperger.
Segundo Cintia Duarte, Psicóloga e Doutora pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, a apresentação do transtorno é diferente de indivíduo para indivíduo e varia também de acordo com a idade.
Embora seja esperado que os sintomas apareçam até os 3 anos de idade, muitos só são notados depois disso.
“Quando chega por volta dos 6 anos, no processo de alfabetização, existe uma demanda social e, com isso, os sintomas ficam mais evidentes” diz a psiquiatra da infância e adolescência Dra. Rosa Magaly Morais.
Uma pesquisa conduzida ao longo de 13 anos, envolvendo 22 instituições de sete países diferentes, concluíram que a hereditariedade está relacionada com 80% dos casos de Autismo. Para se chegar a essa conclusão, foram analisados 2 milhões de crianças nascidas na Austrália, na Dinamarca, na Finlândia, na Suécia e em Israel, incluindo mais de 22 mil diagnosticados com o transtorno. Todos foram acompanhados até os 16 anos de idade. Essa é uma pista importante para que se saiba que pelo menos um fator que pode determinar a manifestação da condição é a genética.
Em 2018, foi aprovada pela câmara dos deputados o PROJETO DE LEI 6575/2016, que decreta a coleta obrigatória de dados sobre Autismo no censo demográfico. Foi transformado na LEI ORDINÁRIA 13861/2019. Em 18/07/2019 foi sancionada lei que inclui dados sobre Autismo no censo 2020.
Essa lei obriga o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a inserir no censo de 2020 perguntas sobre Autismo.
Essa aprovação é importante para sabermos a quantidade de indivíduos com o transtorno no Brasil. Por enquanto aqui se trabalha com estimativas e base em dados do CDC (E.U.A). Com esses dados oficiais do IBGE, há uma esperança na melhora de políticas públicas e que recursos sejam corretamente dirigidos em favor dessas pessoas.
Hoje sabemos, segundo a CDC que a estimativa é de que 70 milhões de indivíduos têm TEA e 2 milhões só no Brasil. Em cada 54 crianças, 1 tem TEA; em cada 5 crianças, 4 são meninos. Os Primeiros sinais podem ser identificados a partir de 8 meses de idade.
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