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SELETIVIDADE ALIMENTAR NO TEA

  • anacostacapoto
  • 10 de jan. de 2021
  • 3 min de leitura

Segundo Bandini et al. (2010) a seletividade alimentar é descrita como um repertório limitado de alimentos aceitos. A causa muitas vezes é multifatorial e envolve questões sensoriais, comportamentais e motricidade oral, formando assim a tríade da criança que se nega a comer determinados alimentos, pois não tolera a textura ou não sabe mastigar/engolir.


Em média de 45% a 75% das crianças com TEA possuem seletividade alimentar e uma das explicações para que isso aconteça é de que haja um problema na modulação sensorial (cor, textura, sabor, forma, temperatura e cheiro do alimento), por causa disso, possuem grande dificuldade em incluir novos alimentos. Essa restrição a longo prazo, pode produzir problemas nutricionais.


Essas crianças tendem a comer sempre as mesmas coisas (repertório restrito) e a apresentação da comida no prato também podem se tornar um problema. Geralmente gostam de comer com os mesmos talheres, os mesmos pratos, as mesmas marcas de alimentos e se atentam até para as embalagens. Por possuírem tendência ao isolamento, a dinâmica alimentar pode ser afetada e a inflexibilidade pode deixá-los angustiados, agitados e estressados. Insistem em rotinas rígidas e qualquer mudança (hora de comer e local de comer) brusca pode se tornar um transtorno para eles e para a família.



Outro problema muito comum é a permanência à mesa durante a refeição com a família, (o João geralmente dá uma garfada e fica andando pela casa, nós quebramos esse ciclo quando fazemos brincadeira de soletrar palavras ou contar histórias para ele). No momento da refeição temos a oportunidade de observar a motricidade oral, alguma dificuldade na ingestão de medicações e se há retenção dos alimentos na boca por longos períodos de tempo (devemos anotar e comunicar a fonoaudióloga).


Lembre-se que para eles, experimentar novos alimentos é como uma experiência nova, pode ser que fiquem relutantes, por isso a introdução deve ser feita aos poucos e com calma.



A ajuda é profissional é muito importante e além da psicoterapia, a nutricionista, a fonoaudióloga, a terapeuta ocupacional e a fisioterapia irão abordar o transtorno e lançar mão de técnicas que irão ser de grande valia para os pais.


A psicóloga ajudará a quebrar a rigidez de comportamento referente a seletividade alimentar, dessensibilização e aceitação de uma variedade maior de alimentos.

A nutricionista ajudará na montagem de um cardápio, verificará alterações nutricionais e se há necessidade de suplementação de vitaminas e sais minerais.


A fonoaudióloga irá auxiliar a criança a comer uma quantidade específica e/ou quantidade adequada de texturas e consistências dos alimentos. Esse objetivo será alcançado com tratamento de motricidade orofacial, que estimula os movimentos da mandíbula, língua e lábios, com o objetivo de adequar essas estruturas para que a criança possa se alimentar.


A terapia ocupacional ajudará através da exploração do alimento (cheirando, tocando, lambendo e até colocando e tirando da boca sem mastigar), fazer com que despertem o interesse de experimentá-los.

A fisioterapia pode contribuir para o desenvolvimento motor, ativação de áreas da concentração e integração social.


Segundo uma pesquisa da University of Massachusets Medical school, crianças com TEA apresentam 41,7% de recusa alimentar em comparação a crianças neurotípicas que possuem 18,9%. Em crianças com TEA o repertório alimentar é mais limitado na faixa de 22,5% enquanto nas neurotípicas é de 19%.


William et al. (2000, citados por Bandini et al.2010) revelam em seus estudos que 67% das crianças acompanhadas, com TEA tinham seletividade alimentar, sendo o maior fator, a textura dos alimentos (69%), seguido da aparência (58%), sabor (45%), cheiro (36%) e temperatura (22%).


Com ajuda profissional os pais podem tentar construir novos hábitos, formação e estruturação de um ambiente adequado para se alimentarem. A maneira com que se oferta o alimento também deve ser levado em consideração para tornar a hora de comer o menos estressante possível.



Alguns aspectos podem ajudar na hora da refeição:


· Manter uma rotina bem estruturada.

· Preparar a criança para a transição para a hora de comer, (lavar as mãos, ajudar a colocar a mesa...) assim ela terá dicas do que vai acontecer.

· Evitar oferecer lanches fora dos horários para que não percam o apetite.

· É importante que a família participe da hora da refeição, pois as crianças aprenderão pela repetição dos movimentos, haverá maior interação e isso pode trazer motivação para experimentar outras coisas.

· Não brigue ou force elas a comer. Ofereça o alimento, coloque uma variedade maior próximo a ela e deixe que ela explore os alimentos e até que se sirvam.

· Incentive sempre a independência na hora de comer.

· Pegue algum bichinho ou boneca/o que gostem e faça participar da hora de comer (abordagem lúdica).

· Permita que escolham seus utensílios.

· Convide seus filhos para cozinhar e participar do preparo das refeições.

· Mostre-se feliz e comemore cada alimento que experimente e continue oferecendo.

· Não permita celulares, tv ou qualquer eletrônico na hora da refeição, pois o foco deve ser a hora de comer.


Devemos ter calma, paciência e criatividade para podermos ver os efeitos positivos. É difícil, cansativo mas não desista.




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